O Menino e o Mundo
- Luana Alves
- 4 de mar. de 2016
- 2 min de leitura

A voz ecoa sós mas ninguém responde
Miséria soa como pilhéria
Pra quem tem a barriga cheia, piada séria
Fadiga pra nóis, pra eles férias
Morre a esperança
E tudo isso aos olhos de uma criança...
(Aos olhos de uma criança – Emicida)
Hey!
Tentei fazer um intensivão Oscar/2016 para poder julgar a Academia. Consegui ver alguns filmes indicados, mas não todos. Essa semana fiquei 24 horas como enfermeira, e para conseguir terminar de assistir O menino e o Mundo levei 3 dias, e olha que o filme tem cerca de 1h10. Mas okay, valeu a pena – ê ê.
O menino e o mundo não levou o Oscar de melhor animação, perdeu para Divertida Mente (Disney/Pixar). Eu amei (mesmo!) Divertida Mente, então concordei com a Academia. Porém, o simples fato de O Menino ter sido indicado foi uma honra e tanto para o Brasil, certo? E não foi como se ele não tivesse nenhuma chance, é um ótimo filme que mereceu a indicação.
A animação é toda feita em traços bem simples, como aqueles que desenhamos com lápis de cor na pré-escola, sabe? E a ideia é justamente essa, mostrar como um menino vê o mundo, o mundo sob o olhar dele. Não há diálogos entendíveis no filme. Eles conversam em um português de trás pra frente, não há legenda ou dublagem, de modo que se qualquer pessoa numa ilha do pacífico ou numa tribo africana assistir ao filme, vai ver e ouvir as mesmas coisas que eu e você. A mensagem que ele transmite vai além de um dialeto. Isso não é lindo? S2
O Menino e o Mundo começa mostrando o lugar de onde ele veio. Em meio a natureza, cercado de animais, cores, brincadeiras, música e pais amorosos. Para o menino, seu mundo é perfeito e feliz até o momento que seu pai vai para a cidade em busca de condições melhores. O menino acaba indo para a cidade, que é o oposto do seu mundinho mágico. E essa transição é muito bem representada. Quando o menino pensa no lugar de onde saiu, é colorido, musical, leve. Quando ele se confronta com a realidade da cidade é tudo cinza, barulhento, pesado.
Na cidade ele se confronta com a ganância, a falta de solidariedade, o capitalismo, a pobreza... em alguns momentos dá desespero ver o menino, tão inocente e com a risada mais doce, perdido nesse mundão. O final me surpreendeu e me emocionou. Lindo e extremamente tocante.
E no final, não somos todos crianças perdidos nesse mundo? Parecemos gente grande, mas continuamos assustados e chocados com a desigualdade e injustiças que vemos por aí. E por mais que precisamos deixar para trás nossa cidade natal, nossos pais, nosso mundo, nossos corações e raízes não continuam por lá? Não voltaríamos se fosse possível? Ainda vemos o mundo com os olhos das crianças que fomos... Um olhar mais resignado, mais míope, talvez. Mas no fundo, o que gostaríamos de verdade, é do colorido da infância.
Feliz demais por esse filme ter saído daqui. Orgulhosa de você, Brasil.
(⁀ ᗢ ⁀)

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