A hora da estrela - Clarice Lispector
- Luana Alves
- 29 de mai. de 2016
- 2 min de leitura

Hey!
A Hora da Estrela é o primeiro livro que li da Clarice Lispector. Claro que como cidadã da Internet já havia me deparado com inúmeros textos e frases dela, e sei que apenas metade dos textos que levam seu nome são, de fato, seus. Até pensei em começar a assinar como Luana Lispector para ver se passava mais credibilidade e angariava mais views.
Em A Hora da Estrela me deparei com algumas dessas frases, tão fortes, lançadas aos quatro ventos na rede.
“Porque há o direito ao grito. Então eu grito."
“Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.”
“Já que sou, o jeito é Ser.”
Observar essas frases em seu contexto original, em seu berço intelectual, tem uma força ainda maior. E o livro está repleto dessas frases imponentes, agressivas, vivas. Consigo palpar a ferocidade (e veracidade) da escritora em seu texto. Genial.
Quanto ao livro, embora tenha poucas páginas (apenas 87 na edição da Rocco), não é uma leitura das mais fáceis. Isso porque acompanhamos o “parir” do personagem. Clarice, usando um alterego masculino, compõem o personagem à nossa vista. A partir de um olhar para uma mulher nordestina, “ele” concebeu um personagem, e não conseguiu ter paz até vê -lo descrito e contado nas páginas de um livro. A Hora da Estrela nos conta a vida de Macabéa, uma Alagoana, órfã e simplória. Agora ela vive no Rio de Janeiro, trabalha como datilógrafa e divide um quartinho com mais quatro mulheres, todas chamadas Maria. Macabéa, por sua simplicidade (na verdade, ela é quase “nada”), não torna possível uma história repleta de ápices e acontecimentos. Todo o enredo gira em torno do que Macabéa não é. É isso que a torna completamente interessante.
“Essa moça não sabia que ela era o que era, assim como um cachorro não sabe que é cachorro. Daí não se sentir infeliz.” – pág 28.
“Ela era subterrânea e nunca tinha tido floração. Minto: ela era capim.” – pág. 31
“Macabéa fingia enorme curiosidade escondendo dele que ela nunca entendia tudo muito bem e que isso era assim mesmo.” – pág. 44
Já deu pra sentir que a personagem é tudo, menos uma mocinha de romances tradicionais, né? E com base numa pessoa tão, tão, tão simples, quase uma criatura unicelular, somos levados a fazer várias reflexões. O próprio criador e idealizador da protagonista, se compara com ela o tempo todo. Percebemos que o autor é alguém instruído, contestador, complexo – o oposto de Macabéa. Por outro lado, em várias situações ele se põe no mesmo patamar que ela, e em outros, ele a inveja. A ignorância é uma bênção, e quanto menos você pensa ou se se importa com as coisas, mais verdadeiramente feliz você é.
Além disso, ver o carinho (amor talvez aplique melhor) do criador pela sua criatura é lindo de se ler, principalmente quando você é um aspirante a escritor e entende todo o processo de concepção e idealização de um personagem.
Ri alto em alguns momentos, vi a Macabéa, o Olímpico, a Glória em algumas pessoas que conheço e , por que não, em mim. E claro, me encantei pela escrita dessa mulher. Clarice Lispector é merecedora de todas as honras e fama que possui.
(o⌒.⌒o)♥

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