[Poema] A arte de perder - Elizabeth Bishop
- Luana Alves
- 1 de set. de 2016
- 2 min de leitura
A arte de perder
A arte de perder não é nenhum mistério; Tantas coisas contêm em si o acidente De perdê-las, que perder não é nada sério. Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero, A chave perdida, a hora gasta bestamente. A arte de perder não é nenhum mistério. Depois perca mais rápido, com mais critério: Lugares, nomes, a escala subseqüente Da viagem não feita. Nada disso é sério. Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero Lembrar a perda de três casas excelentes. A arte de perder não é nenhum mistério. Perdi duas cidades lindas. E um império Que era meu, dois rios, e mais um continente. Tenho saudade deles. Mas não é nada sério. – Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada. Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério
- Elizabeth Bishop

Tive contato com esse poema da Elizabeth Bishop, uma das mais importantes poetisas do século XX, em dezembro do ano passado, quando lia Carta de Amor aos Mortos, da Ava Dellaira. Me encantei pelo poema imediatamente e além do que o livro falava sobre a autora dele, dei uma pesquisada no Google sobre ela. Fiquei surpresa ao descobrir que ela viveu no Brasil durante vários anos. Mas o mais legal, é que o filme Flores Raras, filmado em 2013, de Bruno Barreto, é baseado no romance entre Elizabeth Bishop e a brasileira Lota de Macedo Soares que viveram juntas em Petrópolis de 1951 até 1965. Ele retrata toda a fragilidade da poetisa e traz uma atuação impecável da Glória Pires como Lota, além de trazer à tona uma parte política da história do nosso país. Amei saber mais sobre a Elizabeth Bishop, ganhadora do Prémio Pulitzer de Poesia em 1956.
O trailer do filme:
No trailer o filme parece ser mais picante do que realmente é. A classificação do filme é 14 anos.
O poema é de uma delicadeza ao tratar de algo terrivelmente comum para nós: as perdas. Perdemos coisas, pessoas e oportunidades diariamente; e, mesmo assim, não fica mais fácil, não nos acostumamos, não sabemos lidar. Conhecendo melhor a história da escritora percebi o quanto ela perdeu. E o poema ganhou ainda mais significado.
(^з^)-☆

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