[Resenha] Dom Casmurro

Hey!

(Siiiiimmmm, voltei a ler! ♥♥♥ Como é prazeroso voltar a fazer uma atividade que lhe enche de satisfação depois de cumprir com obrigações.)

Como cheguei a Dom Casmurro: é um clássico tão apreciado e comentado, cai em vestibulares, já foi tema de mini-série na Globo (que nunca assisti, embora tenha ficado bem claro para mim o significado de “olhos de ressaca, de cigana oblíqua e dissimulada“ depois de ver a atriz escolhida para o papel de Capitu), que tinha a impressão que já conhecia a história toda; assim, ainda não havia reservado um tempo para lê-lo.

Letícia Persiles e seus olhos de ressaca, interpretando Capitu.

Mas sabe aquele dia que você sai de casa para resolver mil coisas (o que envolve ficar algum tempo parada em salas de espera) e, quando se dá conta, esqueceu o livro que estava lendo em casa? Fui até a lojinha mais próxima e encontrei vários livros lá (a minha espera ♥). Vários clássicos pela bagatela de R$ 3,00 (Editora Ciranda Cultural). Havia chegado a hora, enfim, de conhecer Capitu e Bentinho e julgá-los por mim mesma.

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TÍTULO: Dom Casmurro

AUTOR: Machado de Assis

ANO DE LANÇAMENTO: 1899

GÊNERO: Literatura Nacional / Romance

PÁGINAS: 180

EDITORA: Ciranda Cultural

Bentinho e Capitu são amigos de infância e vizinhos. Assim que entram na adolescência começam de namorico. Porém, a mãe de Bentinho havia feito uma promessa: ele seria padre. Como conseguir se desvencilhar da promessa da mãe, abandonar o seminário, e casar com Capitu? Esse é o primeiro obstáculo da vida do casal e ocupa mais que metade do livro. Depois, os anos e acontecimentos são narrados rapidamente, e dão explicações sobre o início do livro; descobrimos o porquê de Bentinho iniciar sua narrativa estando sozinho e ensimesmado. O ciúmes que sente de Capitu com seu grande amigo, Escobar, o corrói e leva ao desfecho da história.

"Capitu era Capitu, isto é, uma criatura mui particular, mais mulher do que eu era homem." - Pág. 46

"Nem sobressalto nem nada, nenhum ar de mistério da parte de Capitu; (...) Todas as minhas invejas foram com ela. Como era possível que Capitu se governasse tão facilmente e eu não?" - Pág. 112 ***

Machado de Assis é um gênio. Ele vai narrando a história com detalhes que te levam a ir pintando um quadro, você vai traçando o perfil dos personagens, enquanto ele solta informações que parecem irrelevantes, mas que fazem toda a diferença na hora de julgar a moral dos personagens.

Capitu traiu Bentinho? Não consigo afirmar nada, embora, as suspeitas dele não sejam completamente descabidas. Sabemos, porém, que a insegurança de Bentinho era tamanha e que o ciúme faz-nos ver as coisas sob uma nuvem espessa. Também, o livro foi escrito em uma época em que o machismo era ainda mais vivo e mais valorizado, o que pode ter sido determinante para a conclusão de Bentinho.

Não ter uma definição, uma confissão, é bem incômodo. Ficar com essa dúvida “será que?” é péssimo, mas é também o grande barato do livro, levantar esse debate, cada pessoa tomar um lado e tal. De qualquer forma, a escrita de Machado é fantástica, com humor, com personagens bem construídos e bem reais, com suas virtudes e com suas falhas de caráter. Algumas verdades são repisadas: o ciúme é nocivo, e quando destemperado, arruína os relacionamentos mais estáveis.

Obs 1. Se eu fosse o Bentinho, pediria exame de DNA para o Ratinho. Obs 2. Todo mundo se lasca no final. E isso não é spoiler. Não pode ser considerado spoiler se já fizeram série sobre o livro. Obs 3. Sempre vale a pena a leitura dos clássicos, recomendo.

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