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[Resenha] Alucinadamente Feliz - Jenny Lawson

  • Luana Alves
  • 17 de dez. de 2016
  • 3 min de leitura

Hey!


Quando me deparei com a foto de um livro chamado “Alucinadamente Feliz”, com um guaxinim eufórico na capa e descobri que a escritora sofre de ansiedade grave, depressão clínica moderada, distúrbio de automutilação branda, fobia social, TOC moderado, tricotilomania e outras coisas, pensei “como isso pode ser possível?" Fiquei muito curiosa em saber como alguém que lida com tantos problemas graves pôde escrever “Um livro engraçado sobre coisas horríveis”. E duvidei da premissa do livro até chegar na folha de rosto. É, antes mesmo de chegar no primeiro capítulo eu tinha certeza que seria um livro bem divertido.

resenha alucinadamente feliz

Jenny Lawson criou um blog para expor como era ser refém de diversos distúrbios mentais. Seu modo de escrever, porém, é de uma genialidade e bom humor tão impressionantes que seu primeiro livro se tornou um best-seller e Alucinadamente Feliz é seu segundo livro.


Jenny montou o livro reunindo diversas crônicas sobre seu dia a dia. Discussões com o marido, visitas à clinicas de dermatologia, terapia e viagens são relatadas de forma bastante cômica. O mais legal é que a Jenny parou de tentar fingir que é normal. Ela sabe que os diversos problemas de saúde, emocionais e psiquiátricos que ela têm a impedem de ter uma rotina, pensamentos, relacionamentos e diálogos “normais”. Ela abraçou sua anormalidade, e isso a coloca em outro patamar.


– Certo – diz ela, dando de ombros em sinal de ponderação ao voltar para pia. – Então talvez ser “louca” no fim das contas não seja tão ruim.

Concordo.

Às vezes ser louco é perfeito.

– Página 31.


É provável que os últimos exemplos não sejam para a maioria das pessoas. Porém, no fim das contas, não somos como a maioria das pessoas.

E eu agradeço a Deus por isso.

– Página 103.

O livro contém muitas cenas hilárias, gargalhei de ficar sem ar em alguns momentos. Várias vezes meu marido abriu a porta do quarto e perguntou “o que é que ela disse agora?” A Jenny escreve de uma forma muito irreverente, usa palavrões, briga com o corretor ortográfico e brinca com as notas de rodapé de uma forma brilhante.

trecho de alucinadamente feliz

(sobre privadas no Japão)


Mas não deixa de ter as “coisas horríveis”. Ela não romantiza a depressão. Alguns capítulos são bem densos, sobre as dificuldades que ela encontra para realizar as tarefas mais simples ou sobre como ela não consegue se considerar bem sucedida nem mesmo tendo escrito um best-seller. No entanto, falar com tanta franqueza sobre os problemas emocionais dela é extremamente de ajuda para quem passa pelas mesmas coisas (em maior ou menor grau). Achei o capítulo “Você está melhor do que Galileu. Porque ele está morto” (Pág. 259) extremamente educativo. A analogia que ela faz com as colheres explica tanta coisa! Ou o capítulo “O grande questionário” (Pág. 304), onde ela cita Mark Twain:


“A comparação é a morte da alegria.”


“Não compare o seu interior ao exterior de outros.”


“Não compare os seus bastidores às melhores cenas de ninguém.”


E não dá para gente fazer cara feia e dizer “mas você não sabe como eu me sinto.” Ela sabe, e bem provavelmente se sente ainda pior. Aí a gente acaba engolindo o choro e admitindo que ela pode ter razão.


O objetivo do livro é mostrar que mesmo que você esteja completamente ferrado, vai ter dias em que se sentirá melhor. E é nesses dias que você tem que fazer valer a pena estar vivo. Nesses dias, você tem que ser alucinadamente feliz.

resenha alucinadamente feliz

(Minha sombra na foto porque tenho dificuldade em ficar de fora de qualquer coisa)

Vi que algumas blogueiras estavam dizendo que haviam empacado a leitura e não conseguiram terminar. E acho que a Jenny escreve para um público bem particular de pessoas mesmo. Se você não tem e nem beira nenhum problema emocional é bem provável que vá achar os capítulos que ela trata desses problemas “dramáticos” e as cenas que eu morri de rir meras “loucuras” (do modo pejorativo).

Talvez nem o tipo de humor dela agrade a todo mundo. Por outro lado, qualquer pessoa que luta contra a depressão, ansiedade e toda variedade de merda que atinge o emocional, vai aprender um bocado com ela. Como sobreviver aos dias verdadeiramente ruins e como ser feliz nos outros. E vai rir também, muito. E não vejo como isso pode ser ruim.

Com certeza é um livro que eu vou ler mais de uma vez. Ah, a edição da intrínseca tá linda! Tem fotos em alguns capítulos e a capa tem uns confetes dourados que deixa Rory, o guaxinim, ainda mais lindo. Tem 352 páginas e muitas piadas sobre vagina, animais mortos e Victor.


(´ω`★)

 
 
 

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