[Filme] O Quarto de Jack

Luana Alves
23 de dez. de 2016
3 min de leitura

Hey!

Eis uma obra que estava na minha lista há muito tempo. O objetivo era ler o livro antes de ver o filme, mas os meses foram passando, não encontrei o livro em nenhuma promoção legal e decidi inverter a ordem dos fatores. Assisti ao filme e que filme!

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TÍTULO: O Quarto de Jack

DIRETOR: Lenny Abrahamson

LANÇAMENTO: 18 de fevereiro de 2016

GÊNERO: Drama

DURAÇÃO: 1h58m

CLASSIFICACÃO ETÁRIA: 14 anos

Joy foi sequestrada quando tinha 17 anos. Aos 19 ela tem um bebê, Jack, e a partir daí sua missão passa a ser fazer o filho feliz. Mas que tarefa difícil! O velho Nick, seu algoz e pai biológico de Jack, continua violentando-a. Tudo o que ela tem, vem dele. Ela só dispõe de um quarto, muita força de vontade e imaginação para tornar o dia a dia do filho feliz. Porém, quando Jack completa cinco anos, Joy vê a oportunidade de contar com a ajuda do filho para enganar Nick e escapar dali.

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A atriz que interpreta Joy, Brie Larson, ganhou o Oscar de melhor atriz de 2016. E a atuação dela está realmente impecável. Lutar contra a depressão por estar confinada, ser constantemente estuprada e privada da própria vida e ainda assim lutar para não passar essas angustias para o filho parece uma tarefa impossível, não é? Mas Joy consegue. Jack é um garotinho adorável. E pasme, ele é feliz! Claro que o mundinho de Jack é muito limitado, ele só tem um quarto e a única coisa que consegue ver do lado de fora é o céu, que aparece por uma claraboia no alto do quarto. Eles tem uma TV, mas Jack acha que tudo o que tem lá é de mentira. Pra ele, real mesmo, é só o quarto, sua mãe e o velho Nick.

O plano de Joy para tentar escapar nos dá desespero. Principalmente porque ela depende inteiramente de Jack. Como um garoto de 5 anos, que nunca viu nada além das 4 paredes de um quarto, poderia ajuda-la? Como Jack reagiria ao encontrar outra pessoa de verdade, conseguiria pedir ajuda ou ficaria paralisado de medo? Se ele conseguisse sair do quarto por um pouco de tempo, continuaria se lembrando de sua missão ou ficaria deslumbrado com o mundo, suas cores, animais, árvores e imensidão?

Como seria viver fora do quarto? Joy ficou 7 anos em cativeiro. Conseguiria conviver com as marcas da violência física e sexual que sofreu, vendo que todas as pessoas que eram importantes para ela seguiram com suas vidas? Como seria a adaptação de Jack, um garoto de 5 anos que só conhecia duas pessoas no mundo e que achava que a vida se limitava a um quarto?

A-M-E-I o Jack! Garotinho doce, corajoso e esperto. E o livro é narrado por ele. Isso me fez ter ainda mais vontade de lê-lo. Nunca li uma história narrada por um menininho tão novo. Como será o dia a dia no quarto contado por ele? Preciso ler!

E é uma história que mexe com a gente, porque, embora O Quarto de Jack seja ficção, algumas crianças nasceram sob essas circunstâncias. Como, por exemplo, no caso do monstro chamado Josef Fritzl, que manteve a filha, Elisabeth Fritzl, durante 24 anos presa em cativeiro. Elisabeth teve sete filhos do próprio pai. Três deles foram "adotados" por Fritzl, outros três ficaram presos com a mãe, e um sétimo morreu pouco depois do parto. Ler histórias assim sempre me abalaram, mas eu focava mais no sofrimento sofrido pela mulher mantida em cativeiro. Depois de assistir O Quarto de Jack, meu olhar se voltou também para a condição das crianças que ali viviam.

O Quarto de Jack tinha tudo para ser um filme extremamente tenso, com cenas fortes e de embrulhar o estômago. Mas não é. O fato de focar na criança, que foi tão protegido pela mãe de toda a escrotidão de sua realidade, deixa tudo mais leve. A gente sabe que as atrocidades estão ali em volta, mas não nos deparamos frontalmente com elas. Joy fez um ótimo trabalho, afinal.