[Resenha] O Fantasma da Ópera - Gaston Leroux
- Claudia Del Santo
- 24 de jan. de 2017
- 4 min de leitura
Oi pra você!
Vim falar sobre um clássico, o livro O Fantasma da Ópera. Eu já conhecia os musicais e amava. Não fazia ideia do quanto o livro era diferente dos filmes.
Gaston Leroux, o autor, optou por usar um detetive como narrador. Esse investigador não vive na mesma época em que Érik (o fantasma), mas ele reune provas de que o fantasma e sua trágica história de amor realmente existiram e apresenta essas provas para o leitor. Achei essa maneira de narração criativa e interessante de se acompanhar.
Pois bem, a trama é semelhante a do filme. É sobre um mascarado que vive se escondendo pelos subterrâneos, bastidores e porões do Edifício da Ópera de Paris. O homem, deformado de nascença, recebeu como recompensa da natureza um dom sem igual para música. É um excelente instrumentista e um tenor com a voz comparada a dos anjos.
Erik manipula os funcionários da Ópera a seu bel-prazer, mandando e desmandando neles. Inclusive recebe um salário anual absurdo e tem o Camarote Número 5 reservado em cada apresentação. E ai daquele que não honrar seus caprichos...
Christine Daaé é uma cantora jovem, com potencial, mas tem muito a aprender. Ela está deprimida desde a morte do pai e desinteressada com a vida. Seu pai, um bom cantor e violinista, também era um contador de histórias. Costumava dizer para a filha que os melhores cantores do mundo recebiam a visita do Anjo da Música. A menina chegou perguntar ao pai se ele já tinha recebido a visita do anjo, e ele disse:
“Você, minha pequena, vai ouvi-lo um dia! Quando eu estiver no céu vou enviar o Anjo para você, eu lhe prometo!”
Dessa forma, quando Christine ouve a voz de Érik através da parede do quarto onde está hospedada no edifício da Ópera, acredita que é o próprio Anjo que seu pai enviou e começa a ter aulas com ele, atingindo assim a excelência como cantora.
Bem, enquanto ela tem aulas com o fantasma, um amigo de infância volta para sua vida: Visconde Raoul de Chagny. O rapaz, doente de amor, só pensa em conquistar a cantora.
A diferença do livro para o filme é principalmente com respeito à aparência de Érik. Nos filmes, o fantasma tem o rosto parcialmente deformado, já o livro o descreve como a personificação da morte. Uma caveira humana, com olhos em chama, absurdamente assustador. E pelo que entendi, até as mãos dele são cadavéricas. Ele é atemorizante.
Outra diferença é que, durante a leitura, você se assusta com atos sobrenaturais do fantasma. Te leva a crer que ele não é humano. No fim do livro o detetive dá explicações razoáveis para seus feitos, contando seus truques, mas não todos. Eu não fiquei totalmente convencida de que Érik era só um homem, pois nem tudo foi explicado ou não fez sentido na minha cabeça. Quem leu o livro sabe do que estou falando, do coaxar de Carlotta e do alfinete de segurança, por exemplo. Para mim ele tinha mesmo um quê de fantasma e um quê de anjo.
“É ali que eu durmo, disse Érik. É preciso se acostumar com tudo nessa vida, até mesmo com a eternidade”.
Também não me lembro de ter visto nos filmes o Don Juan Triunfante, a Câmera dos Suplícios, a Sereia que guardava a casa do lago...
Sobre a moral da história, o autor faz uma crítica à tendência humana de levar as aparências muito em conta. Será que só o belo é digno de ser amado? E traz outra reflexão: o afeto na infância é capaz de moldar nossa personalidade?
“... Você tem medo de mim! No fundo, contudo, eu não sou mal! Ame-me e você verá! Só me faltou ser amado para ser bom! Se você me amasse, eu seria doce como um cordeiro e você faria de mim o que quisesse."
Fica claro que se o fantasma tivesse outra aparência o livro teria outro desfecho.
“Debruçado sobre mim, ele gritava: ‘Você quis ver! Veja! Repaste os seus olhos, embriague sua alma com a minha feiura maldita! Olhe o rosto de Érik! Agora, você conhece o rosto da voz! Não lhe era suficiente que você me ouvisse? Você quis saber como eu era feito. Vocês, mulheres, vocês todas, são tão curiosas!’
“Vós tendes medo... mas vós me amais?... Se Érik fosse bonito, vós me amaríeis, Christine?”
“Infeliz! Por que tentar o destino?... Por que me pergunta coisas que eu guardo no fundo de minha consciência como se guarda o pecado?”
Embora o livro tenha uma linguagem rebuscada, totalmente de acordo com a época em que se passam os acontecimentos, não é uma leitura cansativa. Pelo contrário, o ar de suspense, mistério e o triângulo amoroso faz com que você devore cada página. Li em três dias. O final é bem emocionante.
A edição que li foi a bilíngue Português-Francês da LandMark. A capa é linda, expressa todo o mistério da história. É carregado daquele ar sombrio que O Fastasma da Ópera tem. Gostei do tamanho da fonte, do papel, da tradução, somos realmente inseridos em outra época, mas era necessária mais revisão. Os erros não são poucos e chegam a irritar.
Os melhores personagens para mim foram:
Érik, Dona Giry e o Persa.
Então é isso. Gostei muito de ter lido e fica o incentivo para que leiam também e tire suas próprias conclusões.
Au revoir!
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