[Filme] A Chegada
- Luana Alves
- 18 de fev. de 2017
- 4 min de leitura
Hey!
Vamô falar de coisa boa? A Chegada chegou chegando. Filme estrelado por Lois Lane e Gavião Arqueiro, ops! por Amy Adams e Jeremy Renner, está concorrendo a 8 Oscars:
Melhor filme;
Melhor diretor;
Melhor fotografia;
Melhor roteiro adaptado (foi inspirado no conto História da sua vida, de Ted Chiag);
Melhor edição;
Melhor edição de som;
Melhor mixagem de som e
Melhor design.
Confesso que não esperava tantas indicações, e não acredito que receberá tantos prêmios. Mas é sim um bom filme. E aqui vai minha opinião sobre a película:

TÍTULO: A Chegada
DIRETOR: Denis Villeneuve
LANÇAMENTO: 24 de Novembro de 2016
CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA: 12 anos
DURAÇÃO: 1h56m
GÊNERO: Ficção científica

Quando naves espaciais, chamadas de Conchas, pousam em vários países da Terra, a Dra. Louise Banks, uma especialista em línguas, é chamada para tentar se comunicar com os extraterrestres e descobrir qual é o objetivo deles. O filme é separado em dois momentos: Quando as naves chegam e o trabalho da Dra. Louise com eles, e de um outro momento, onde mostra o relacionamento de Louise com sua filha.
***
Primeiro filme do gênero que assisto que existe muito pouca ação. Os ETs não são agressivos, não chegam detonando tudo e jogando laser pra todo lado. Eles até recebem humanos em sua Concha para uma espécie de conversa diplomática interplanetária.
A Dra. Louise é ótima. Embora visivelmente abalada, ela se esforça para conseguir estabelecer um diálogo com os Heptapods (os aliens receberam esse nome por terem 7 pés) e percebendo que oralmente não será bem sucedida, ela decide ensinar-lhes a nossa escrita (no caso, o inglês). Logo, os Heptapods também lhe mostram o tipo de comunicação visual deles, que consiste em símbolos semânticos, de difícil interpretação, já que são bem similares entre si, podem ser lidos a partir de qualquer direção e são muito mais complexos que a nossa escrita pela falta de linearidade.
O Dr. Ian Donelly, cientista, também está na força-tarefa e ele é responsável pelo pequeno diálogo que explica todo o sentido do filme. Que até aquele momento achamos que estamos entendendo bem (tão inocentinhos!)
- Estive lendo essa ideia de que se você mergulhar em uma língua não nativa pode reprogramar seu cérebro.
- É a hipótese da cpu off. É a teoria que diz que a língua determina como você pensa.
Com o passar do tempo, a Dra. Louise e sua equipe começam a entender os símbolos usados pelos Heptapods e descobrem que o objetivo deles está relacionado com um tipo de arma.
As 12 Conchas estão espalhadas por diversos países e o líder da China, cansado da demora para obter respostas e assustado por não saber o que exatamente os ETs querem, decide atacar. A equipe da Dra. Louise se posiciona contra essa decisão, porque ela acredita estar muito próxima de saber sobre que arma os Heptapods estão falando.
E é aí que surge uma daquelas reviravoltas que dá um nó na nossa cabeça e que nós amamos!

AVISO: Se você já assistiu ao filme, talvez queira uma segunda opinião sobre o sentido de tudo. Se você ainda não viu, pode preferir assistir primeiro e depois voltar aqui para ver se o entendemos da mesma maneira. Ou seja, ler daqui em diante agora pode estragar sua experiência primária com a história.
Os Heptapods realmente gostaram da Dra. Louise e dão a ela a arma que prometeram: ela passa a dominar aquela que chama de Linguagem Universal. Lembra da conversa do Ian com a Dra.? Aprendemos a interpretar o mundo, os acontecimentos, o tempo, nossos sentimentos, de acordo com a linguagem que nos é passada culturalmente. Saudade, por exemplo, é uma palavra portuguesa, que estrangeiros sentem bastante dificuldade em entender o sentido.
Agora, a Dra. Louise não é apenas uma conhecedora das línguas comuns à humanidade. Ela teve acesso a uma nova linguagem, que não é limitada pelo tempo. Ao aprender essa nova forma de comunicação, houve uma mudança no seu processo cognitivo e a percepção de tempo dela foi alterada; assim, ela consegue caminhar pelo futuro, tendo acesso à memórias da filha que ela ainda nem concebeu.
Fiquei surpresa ao me dar conta que as cenas com a filha dela não eram flashbacks do passado. Eram coisas que ainda aconteceriam no futuro, com uma filha que ela ainda nem tinha pensado em conceber.
Como estudante de letras e amante das palavras, acredito mesmo no poder da linguagem. Que quanto mais íntimos formos das nossa língua materna, mais o nosso horizonte se expande. Você encontra mais possibidades para traduzir em palavras aquilo que ocorre dentro de você, ao seu redor e no mundo. Assim, a ideia proposta pelo filme foi bem plausível para mim. O fato de não enaltecerem apenas a Ciência como solucionadora de grandes questões, mas colocarem a linguagem no mesmo patamar, ou num degrau acima, de importância me fez muito feliz
.
Não acho que seja um filme simples e por isso fiquei surpresa com a quantidade de indicações que recebeu. Não achei que cairia no gosto do povo, por ter pouca ação e muita teoria.
Mas a construção da história foi impecável. Um viva para Ted Chiang, que usou as palavras tão habilmente para compor este conto!
___ 〆 (· ∀ ·)

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