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[Resenha] O Ceifador – Neal Shusterman

  • Claudia Del Santo
  • 21 de mai. de 2017
  • 3 min de leitura

Quer ler um livro bom, mas bom mesmo? Então vem comigo porque a dica de hoje é de matar. rs

TÍTULO: O Ceifador

AUTOR: Neal Shusterman

EDITORA: Seguinte

PÁGINAS: 440

GÊNERO: Ficção Norte Americana, Distopia

No livro O Ceifador somos apresentados a uma sociedade “perfeita”. O mundo é governado por uma Inteligencia Artificial justa e incorruptível, chamada Nimbo-Cúmulo, que conseguiu acabar com as guerras, desvio de dinheiro, desigualdade social, fome e criminalidade. Nessa realidade nem mesmo a morte é um problema. Não existem mais doenças, nem velhice e se a pessoa for vítima de um acidente fatal, será encaminhada para um Centro de Revivificação, de onde sairá novinha em folha.

A solução encontrada para controlar o crescimento populacional, visto que as pessoas só nascem e não morrem, é a Ceifa – uma organização mundial administrada por homens, sem qualquer interferência da Nimbo-Cúmulo,composta por Ceifadores, ou seja, pessoas autorizadas a coletar vidas (matar) de modo definitivo. A escolha para essas “coletas” é aleatória, sem discriminação, levando em consideração as estatísticas da Era da Mortalidade. O mundo criado pelo autor é muito interessante e apresentado de uma maneira muito envolvente.

Os Ceifadores precisam abrir mão de bens materiais, conforto, construção de família, e ainda seguir leis rígidas; como cumprir uma cota mensal de coletas, conceder imunidade para as famílias enlutadas pelo período de um ano e sempre agir com compaixão. Mas na prática nem sempre funciona assim...

A história começa quando, em momentos diferentes, Citra Terranova e Rowan Damisch cruzam, por acaso, com o Honorável Ceifador Faraday e demonstram qualidades que agradam o Ceifador. Os adolescentes acabam recebendo um convite para se tornarem aprendizes de Faraday com a promessa de que o melhor pupilo ganhará o manto e o anel, transformando-se assim num Ceifador.


“Vocês dois são feitos da mais forte fibra moral – Faraday disse –, e acredito que é a moral que vai impelir vocês a serem meus aprendizes, não porque os forço, mas por decisão própria”.


Nenhum deles tem interesse no cargo, mas a certeza de que a família de um Ceifador terá imunidade permanente pesa muito na decisão dos jovens.


“ – Por que vamos competir por algo que nenhum de nós quer? – Citra perguntou.

– Aí está o paradoxo da profissão – Faraday disse. – A função não deve ser concedida aos que a desejam. São aqueles que mais se recusam a matar que devem exercê-la”.


Quando Citra e Rowan passam a conviver com os Ceifadores e a frequentar os Conclaves (reuniões periódicas da Ceifa), percebem que as pessoas comuns não só temem os Ceifadores e os evitam, mas que também muita gente os admiram e bajulam. Alguns dos Ceifadores sentem-se verdadeiras celebridades, Deuses entre humanos, com o poder absoluto de decidir quem vive e quem morre. Visto que estão acima de qualquer lei, fazem o que bem entendem.


“Não era de admirar que as pessoas fizessem de tudo para agradar os Ceifadores. A esperança diante do medo é a motivação mais forte do mundo.”

O autor expõe o lado sombrio da natureza humana, que facilmente se corrompe diante do poder, isso explica o porque de a Ceifa estar contaminada por pessoas inescrupulosas, que jogam sujo para alcançar seus objetivos.

O livro é um vagão desgovernado de emoções, fazendo o leitor sofrer, sorrir, torcer, se indignar e temer a cada capítulo. Se prepare para as várias reviravoltas no enredo. (Amooo s2).

O mundo distópico é muito bem pensado e construído. O autor tornou seu universo crível e colocou reflexões que traçam paralelo com a sociedade em que vivemos e até nos remete a uma autoavaliação como seres humanos. Além disso, o desenvolvimento dos personagens foi brilhante, em especial de Rowan. Fiquei chocada com a evolução do garoto. Resumindo, só tenho elogios para a obra.

O destaque é que antes de cada capítulo temos acesso a trechos dos diários públicos dos Ceifadores. Eles são obrigados a manter anotações nesses diários.

Não me surpreende que a Universal Studios tenha comprado o direito da obra. Aguarde que em breve a história vai virar um longa-metragem.

A capa é tão inteligente e bem pensada como a própria trama. (Se você olhar bem verá que o cabo da foice forma o rosto em perfil de um Ceifador e que ele está encarando outra pessoa de frente).

marca página o ceifador

A edição da editora Seguinte é primorosa. Tem um bom tamanho de fonte, boa diagramação, ótima revisão, sem contar o marcador acoplado à orelha da contracapa. (Por que as outras editoras não copiam essa ideia genial? Sejam essa pessoa!!! Nunca pedi nada). Outro bônus é o número na lombada. Todas os livros que tem sequência deviam ter o número na lombada. (Deixo registrado meu protesto). Sim, pessoal, O Ceifador terá continuação e eu já necessito. *-*

Pegue a caneta e marque mais esse título na sua lista de livros desejados. Mesmo que você não goste/cansou de distopias, corre um grande risco de “ser coletado” por essa.


Um beijo letal pra vocês.


Câmbio, desligo.;

 
 
 

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