[Resenha] Filho Dourado - Pierce Brown
- Claudia Del Santo
- 19 de jul. de 2017
- 3 min de leitura
“Mas é para isso que fui feito. Para mergulhar no inferno”.
Filho Dourado é o segundo livro da trilogia Red Rising. O primeiro livro, Fúria Vermelha, está resenhado AQUI.

Título: Filho Dourado
Autor: Pierce Brown
Editora: GloboAlt
Páginas: 547
Gênero: Ficção Juvenil Americana, Literatura Estrangeira, Ficção Cientifica, Distopia.
Ano de lançamento: 2015

Pois bem, nós que lemos muitas trilogias sabemos que a tendência é que haja um declínio de qualidade do primeiro para o último livro. Não raro o autor se perde e a história fica morna. Muitas vezes o segundo livro só serve como uma conexão fraca da introdução para a conclusão, mas felizmente, não foi isso que encontrei em Filho Dourado, pelo contrário, o autor conseguiu superar Fúria Vermelha sem fazer esforço.
A história já começou bem diferente do que eu esperava.
Darrow está dois anos mais velho e soterrado em problemas. Conseguir uma posição de prestígio para destruir o sistema opressor de cores é mais complicado do que ele esperava. O rapaz está enfrentando dificuldades até para manter a reputação que conquistou no Instituto. Os Filhos de Ares (os revolucionários que colocaram Darrow entre os Ouros) desapareceram do mapa, deixando o moço por sua própria conta; e para piorar, ele perde a admiração e proteção do ArquiGovernador Augustus, ficando vulnerável e a mercê de inimigos poderosos.

Bem, mas apesar de tantos problemas, minha confiança na capacidade de superação, liderança e estratégia de Darrow não ficou abalada. Quem viu como o rapaz conseguiu vencer os obstáculos (intransponíveis) no Instituto, sabia que ele daria a volta por cima, a única coisa que faltava para nosso herói era motivação, mas ela veio em forma de uma revelação.
Quando os revolucionários (enfim) o procuram para que ele execute uma tarefa, o jovem questiona as ordens e acaba encontrando uma maneira própria de fragilizar a liderança Áurica. Darrow coloca Ouro contra Ouro, numa guerra civil insana por poder.
“Todas as cortes de leis Douradas permitem que um homem defenda sua honra contra qualquer força que o profane injustamente. Das antigas civilizações da Terra aos intestinos gelados de Plutão. O direito de desafiar existe para qualquer homem e qualquer mulher. Meu nome, gentis senhores e senhoras é Darrow au Andromedus. Mijaram em cima da minha honra. E eu exijo satisfação”.
Embora Darrow sempre tenha sido maduro para a idade (o que é totalmente justificável), não tem como negar a evolução do personagem nesse livro. As reflexões são mais densas, mais recheadas de significados.
O universo da história também foi vastamente expandido. No livro anterior as batalhas eram testes dentro de uma escola, uma pálida preparação para conflitos reais, agora existe guerra política interplanetária, com direito a naves e tecnologia de ponta, bem no estilo Star Wars. Outra diferença, além da ampliação de ambiente, é a interação das cores. Enquanto fomos apresentados apenas a Vermelhos, Cinzas e Dourados em Fúria Vermelha, agora teremos, Azuis, Rosas, Laranjas, Amarelos, Obsidianos e Manchados.

Além de todo o combate e carnificina, o livro nos mostra a importância das relações interpessoais. Darrow vive na corda bamba por causa da fragilidade de relações construídas sobre mentiras. Traições é quase uma constante durante a trama.
Sevro se tornou meu queridinho em Filho Dourado, e olha que eu já gostava do garoto no primeiro livro…
“Sevro ficou mais inteligente desde nosso primeiro encontro. Não tenho dúvida quanto a isso. Mas temo que ele me superestime. Apolo pensava que era um deus. Augustus pensa que é. Um deus não é o que eu deveria ser. Um deus é uma coisa a que se serve, uma coisa que se adora. Eu nunca quis isso. Eo nunca quis isso. Sevro terá de aprender. Isso aqui tem a ver com liberdade. Contudo, parece que todo mundo apenas quer seguir alguém.”
A imprevisibilidade dos acontecimentos é empolgante. Não consigo pensar em uma única cena chata ou maçante. Fui surpreendida muitas vezes durante a história, muitas delas pelo próprio Darrow. Não sei como o autor consegue fazer com que o narrador da história seja tão enigmático! É um dom.
E o final desse livro? Tô em choque. Não faço ideia do que esperar do próximo… Ainda bem que já tenho ele aqui, e adivinha? Sim. É minha próxima leitura. Rá!

Recomendo muito esse livro, mesmo que não faça seu gênero, dê uma chance, pois não tem como não se envolver com a história, se derreter pelos personagens, questionar a alienação das massas por meio da mídia, ensinos e crenças.
A GloboAlt é o selo jovem da GloboLivros. A edição continua linda e acertada, tirando o fato do desgaste da tinta do título.
Tenho que confessar que Darrow au Andromedus e Pierce Brown (autor) são meus crushes mais recentes na vida. <3
Beijos Dourados
Câmbio. Desligo.

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