[Resenha] Borboleta Negra Vol.1 – Halice FRS
- Claudia Del Santo
- 21 de nov. de 2017
- 5 min de leitura
Ain meus batimentos! Mais um livro da Halice pra chamar de meu e com dedicatória e tudo! Vêm ver meu encontro com a autora. Está registrado AQUI.

TÍTULO: Borboleta Negra #1
AUTORA: Halice FRS
PÁGINAS: 451
EDITORA: Ler Editorial
ANO DE LANÇAMENTO: 2017
GÊNERO: Literatura Nacional, Romance de Época.

A trama já começa permeada por mistério. Ashley Walker vai ao encontro de um amigo num hotel. Acontece que o ano em questão é 1870, época em que as mocinhas não se encontravam com homens em hotéis (quanto mais daquela maneira, desacompanhada…). Tanto a estranheza da situação quanto a beleza de Ashley chamam a atenção de um homem, que fica a espreita (esperando que ela saia do hotel) para atocaiar a garota numa doceria. O flerte do tal homem é apenas desencorajado por ela, até que ele se identifica como Edrick Bradley III, o barão de Westling. A partir daí a escusa da moça passa a ser rude e até insolente, bem ao contrário do que Edrick pretendia ao revelar seu título nobre. Ashley consegue ferir o orgulho do bem-apessoado barão.
A carruagem alugada por Ashley não aparece no local e hora marcada, por isso uma tempestade pega a garota desprevenida na rua. Sem outra opção, ela aceita uma carona na carruagem de Edrick, mas nem mesmo esse gesto cortês é capaz de amansar a moça.
Quando a carruagem tomba devido ao mal tempo, Ashley não tem escolha a não ser caminhar até Apple White, propriedade do barão, e passar a noite por lá. O desagrado dela é visível, bem como a empolgação de Edrick.
Na casa, são recepcionados por Nero, o cão arredio do barão, que se comporta como se conhecesse Ashley. E só para deixar tudo mais interessante, no dia seguinte, chega a notícia de que a ponte que liga Apple White à estrada, caiu por conta da tempestade. Ashley fica ilhada ali. Será que Nero realmente a conhece? Será que há justificativa para o comportamento rude da moça com Edrick? O que ela fazia no hotel? O que o convívio forçado pode ocasionar?
Tenho que confessar que comecei a leitura com a expectativa nas alturas, afinal, o que esperar de um livro da Halice que não o melhor? Posso garantir que não me decepcionei, muito pelo contrário. A começar pela narração em terceira pessoa, que dá aquele ar de mistério e que deixa o leitor desconfiado, cheio de teorias para os fatos encobertos.
A habilidade com as palavras, característica conhecida da autora, nos conduz para outra época. Em momento algum ela desliza, ou quebra o encantamento da visualização dos tempos antigos.
Outra coisa digna de nota são os diálogos. É perceptível o cuidado em cada detalhe, em cada palavra. É mágico – não tem outra palavra para descrever.
Para somar mais pontos positivos, preciso falar da construção dos personagens. No começo da trama, Ashley me causou desafeição. Me passou aquela impressão das personagens da “moda”, sofria e agora sou fria. Mas, a medida que a história da mocinha vai se construindo, as atitudes dela ficam coesas, compreensíveis.
Ashley se mostrou muito madura, determinada, à frente de sua época em muitos sentidos. Não é à toa que ela deixou o barão salivando daquele jeito.
Já Edrick foi pior, a insistência dele em flertar com alguém que visivelmente o desprezava me fez tachá-lo como palerma, mas, não demorou até que o barão se impusesse e mudasse minha opinião completamente. Logo o protagonista ganhou meu respeito e admiração.
Outra peculiaridade da autora é justamente essa, fazer com que as leitoras se apaixonem pelos seus mocinhos (me incluo entre elas). Atribuo isso ao fato de seus personagens possuírem defeitos. Isso faz o leitor se identificar. Não tem nada mais brochante e superficial do que a perfeição. Concorda?
“– Quero poder ficar com você pelo tempo que for possível. Quero contentá-lo enquanto me queira, sem compromisso nem cobrança. Como disse, não é homem de aceitar nada pela metade e eu não sou uma mulher inteira.”
Ashley faz bobagem, é precipitada, quer que tudo seja de seu jeito, omite coisas, mas ela está ferida… Edrick é teimoso e imperioso, para dizer o mínimo. E que delícia é ver a atração que nasce entre eles e os conflitos por causa do passado e suas consequências devastadoras.
Essa é um romance que aborda temas delicados e que são tabus até nos dias de hoje, que dirá em tempos passados… Se prepare para ser surpreendido(a); para questionar seus valores, para não julgar decisões sem conhecimento prévio de causa. É uma trama reflexiva sobre superação, sobre seguir a diante, sepultar os fantasmas e encarar os problemas de frente e não fugir deles.
“– Meu coração já foi atingido, Ash… – Ela o ouviu dizer. Ao encará-lo a intensidade contida nos olhos azuis a assustou antes mesmo que ele prosseguisse: – Por você.”
A história desse primeiro livro acaba com um gancho dos bons, e já estou roendo as unhas de ansiedade para ler a continuação, que por enquanto só tem no formato digital. (Lanço a campanha #queremosborboletanegra2livrofísico).
Sobre a edição da Ler Editorial, só tenho elogios. Páginas pólen (aquela amarelada e confortável para leitura), uma fonte diferenciada, mas bastante agradável de ler. O espaçamento é bom e a diagramação está uma arraso. A cada início de capítulo a página é escura e com as letras claras. Um luxo só!!! Encontrei alguns erros de revisão, mas nada que atrapalhe a leitura.
Não sou adepta de capas com modelos, mas dessa eu gostei. Toda a “embalgem” do livro prepara o leitor para uma viagem ao passado.
Recomendo a leitura para todo mundo. Essa autora me enche de orgulho!!! Todos precisam conhecer o talento dessa brasileira, que não perde em nada para autores gringos. (Só lembrando que a história contem cenas adultas).
Bem, vou encerrar a resenha por aqui, pois estou tentada a falar mais e corro o risco de soltar spoiler, sem contar que já me estendi demais.
Beijos sabor sidra (Os entendedores entenderão) Rá!
Câmbio. Desligo.


Sinopse: Lorde Edrick Bradley III, segundo barão de Westling, cruza o caminho de Ashley Walker em uma nublada tarde de outono. Atraído e intrigado pela falta do esperado cumprimento, ele a segue até vê-la entrar no hotel da vila. Sem entender tamanha curiosidade, a espera. Ao se apresentar, a frieza com que é recebido eleva o mistério, incitando-o a desvendá-lo.
A Srta. Walker desejou esquecer aquele encontro. Vivia na vila vizinha, agradecida por jamais ter estado diante do nobre cavalheiro e preferia que assim continuasse. Porém, afastar-se não seria fácil, pois estava prestes a descobrir que nem todo homem é mau, egoísta, ou aproveitador. E essa descoberta, aliada aos encantos de Edrick, fará ruir a sólida muralha protetiva que Ashley ergueu ao longo dos anos. Mudança inútil, pois ela era a borboleta negra, alguém que não serviria sequer para ser amante do honrado barão. Naquele lindo jardim ela jamais poderia pousar.
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