[Resenha] Fahrenheit 451 - Ray Bradbury
- Luana Alves
- 26 de jan. de 2018
- 3 min de leitura
Hey, você! Como está?
Abrindo um grande parêntese aqui no início só pra dizer: quem foi que inventou essa história que dá pra ser fitness? Voltei para a academia e meu ritmo de leitura diminuiu bastante, só quero dormir! O livro da vez é bem curto e interessante e mesmo assim levei alguns dias para conseguir concluir a leitura. Quem mais aí tá precisando de um galão de 5 litros de energético?

TÍTULO: Fahrenheit 451
AUTOR: Ray Bradbury
EDITORA: Biblioteca Azul (Selo da Editora Globo)
PÁGINAS: 215
GÊNERO: Ficção Científica, Distopia.

Em um futuro distópico, todas as casas são à prova de fogo. Desse modo, encontraram uma outra função para os bombeiros: agora eles não impedem o fogo, eles o causam. O objetivo dos bombeiros em Fahrenheit 451 é queimar livros. Aos poucos, a humanidade foi se distanciando da literatura. Tudo que as fazia pensar, e como consequência sofrer, era descartado. Como livros causavam controvérsias entre grupos distintos de pessoas, livros começaram a ser rasgados em nome da “paz”. Sem opiniões divergentes, aliás, sem opinião nenhuma, as pessoas viviam em um torpor agradável. Anestesiados.
O livro é contado em terceira pessoa e foca na vida Guy Montag, um bombeiro que ama o que faz. Até que ele conhece uma garota que gosta de conversar, algo estranho naquela sociedade. O mais estranho ainda, é que ele também gosta de conversar com ela. Isso começa a despertar algumas mudanças no protagonista e o momento crucial da história é quando eles recebem uma denúncia e encontram uma senhora que prefere ser queimada junto com seus livros. O que haveria de tão importante neles que faria alguém preferir morrer a viver sem os livros? A partir de então, Guy decide que precisa saber o que há de especial neles, por que são tão temidos e se torna um fora da lei.
Fahrenheit 451 é dividido em três partes: O Guy que gosta de queimar, o Guy que tem um livro e o Guy fugitivo. Há um prefácio no início escrito por Manuel da Costa Pinto e o que eu preciso dizer para vocês é NÃO LEIA O PREFÁCIO. Sério. Me estragou completamente a leitura, já que o autor do prefácio achou necessário explicar a história de Ray Bradbury. Não sei se ele pensou que fossemos ignorantes demais para chegar as mesmas conclusões que ele sozinhos, que seríamos incapazes de entender o que o autor quis passar, mas ele entrega todo o enredo e, pior, o final. O final está ali, no prefácio. Ai que vontade de matar o responsável por manter o prefácio mais desnecessário do mundo ali. Não que ele seja mal escrito, pelo contrário. Mas está no lugar errado. Coloque-o no final e quem quiser comparar suas conclusões com a de um crítico literário, poderá fazê-lo depois de ter concluído sua experiência com o livro.
O livro, originalmente publicado em 1953, revela um autor visionário. A humanidade já não aprecia tanto assim a literatura e prefere entretenimentos que não a faça pensar. Reality Show, por exemplo. Além disso, a internet e fones de ouvidos (bem similares à radioconchas do livro) colocam as pessoas em uma outra realidade, onde elas ouvem e interagem com o que e com quem quiserem. A alienação da nossa sociedade está presente também nos remédios para dormir e qualquer tristeza sendo tratada como grave problema psiquiátrico. Não sou contra psicotrópicos, mas sou contra a prescrição de remédios indiscriminada. E Fahrenheit 451 nos faz parar para pensar quão próximos estamos de viver sem haver vida nos nossos dias.
Claro que para nós, leitores e colecionadores de livros, pensar em um mundo em que ter livros é proibido e que eles serão queimados, caso sejam descobertos, dá um nó no estômago e a gente fica olhando para a estante com o coração apertado. Porém, o posfácio, escrito pelo próprio autor, nos leva a refletir que há muitas maneiras de “queimar” os livros, sem atear fogo neles.
Há um filme, de 1966:
E a HBO já divulgou o teaser da adaptação da mesma história, ainda sem previsão de estreia.
E a recomendação de sempre é: Leia antes de assistir. Desta vez, acrescento: Pule o prefácio!

Comments