[Resenha] O conto da Aia - Margaret Atwood
- Luana Alves
- 7 de mai. de 2018
- 3 min de leitura
Hey, todo mundo!
Está rolando um projeto de leitura aqui no USO e para a categoria livro com boa fama escolhi O Conto da Aia. Afinal, desde o lançamento da série The Handmaid's Tale que não se fala em outra coisa.

TÍTULO: O Conto da Aia
AUTORA: Margaret Atwood
ANO DO LANÇAMENTO: 1985
PÁGINAS: 368
EDITORA: Rocco
GÊNERO: Ficção Distópica

"Não devem existir quaisquer oportunidades ou atividades que possam dar ensejo a amor.
Somos úteros de duas pernas, apenas isso: receptáculos sagrados, cálices ambulantes."
Em um futuro não muito distante, o presidente dos EUA é morto, assim como todo o Congresso. Uma ditadura religiosa se instaura e os Filhos de Jacó, como são chamados, suspendem a Constituição e revogam os direitos das mulheres.
Com a taxa de fertilidade em queda, apenas 1 em cada 5 crianças nascidas sobrevivem. É aí que surge uma nova função para as mulheres férteis: eles serão aias, enviadas para a casa de Comandantes com o único objetivo de procriar. É claro que o convívio da aia com a esposa do comandante não é nada fácil, assim como a tarefa de participar todos os meses da Cerimônia, onde é obrigada a se deitar com a cabeça entre as pernas da esposa do comandante, para ser fertilizada por ele.
Conhecemos assim Offred, uma aia, que nos narra a história em primeira pessoa. Ela não considera a noite da Cerimônia como um estupro, já que ela concorda em estar ali. A outra opção é bem pior, ela seria mandada para uma das Colônias, onde as "não-mulheres" reviram lixo tóxico até ter a pele descolada do corpo.
Offred (as aias não usam o nome de antes. Seus nomes são substituídos pelo prefixo Of (de, em português) mais o nome do seu Comandante. Offred é De Fred, Ofglen é De Glen, e assim por diante) conta como era a vida dela antes dos EUA se tornar a República de Gileade e descreve as dificuldades de viver completamente sem liberdade como uma aia. A descrição de Offred sobre sua realidade me fez prender o fôlego algumas vezes, completamente chocada com o que ela obrigada a fazer e tolerar.
Pior ainda foi me convencer que esse tipo de governo, que mistura política com religião, é a realidade de alguns povos. E embora o livro seja de ficção, não está tão longe assim da realidade de algumas mulheres, mundo a fora, que só vivem para servir aos homens. Pensei em como as mulheres são pressionadas a ser mães e como nosso estilo de vida pode aumentar a infertilidade. Distópico? Sim, porém não muito.
A narrativa é forte, nauseante e necessária. Nos faz pensar como nossa sociedade é frágil e como o mundo que conhecemos pode se dissolver de uma hora para outra. E, claro, como é difícil ser mulher.
A leitura não é tão fluída, com flashbacks do passado se misturando a acontecimentos do presente e com o excesso de pensamentos mórbidos de Offred. Porém, faz sentido ser assim, afinal, quem nos narra a história é uma mulher que perdeu tudo o que tinha e que agora vive como um tipo de escrava sexual. Quer moleza, bebê, vai ler Julia Quinn.
O final é aterrorizante e o epílogo arremata de forma maravilhosa (o melhor epílogo que já li!) o conto de Offred.
Como citei lá em cima, o livro se tornou uma série. Fiz questão de só começar a assistir depois de terminar o livro. Vi 3 episódios até agora, da primeira temporada, e ela está bem fiel ao livro. Alguns detalhes foram modificados, mas no geral, a obra de Margaret Atwood está muito bem representada.
Meu conselho é: Leia ou veja ou leia e veja o quanto antes! Esse é um clássico da distopia que você precisa conhecer.

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